Hoje
de manhã a única notícia que veiculava nos jornais matinais da TV e não
diferentemente na imprensa escrita era a que falava da violenta
desocupação de Pinheirinho, em São José dos Campos - SP. Não muito
diferente das reintegrações de posse praticadas contra o MST, as
famílias mal tiveram tempo de "catar" seus documentos e objetos pessoais
antes da saída. São mais de 6 mil pessoas que vivem lá há pelo menos 8
anos.
Para ajudar-nos na reflexão, segue então a análise publicada na Agência Carta Maior de hoje:
Qual
o sentido em se despejar violentamente cerca de 1.660 famílias pobres,
que já estão construindo suas casas, que mal ou bem abrigam-se sob um
teto e erguem uma comunidade, para depois cadastrá-las nas
intermináveis filas dos programas de habitação social que para
atende-las terão que adquirir ou desapropriar glebas, viabilizar
projetos, contratar obras até , finalmente, um dia --se é que essa dia
chegará-- devolver um chão e alguma esperança de cidadania a essa
gente? Mas, sobretudo, qual o sentido dessa enorme volta em falso quando
o único beneficiário da ação policial violenta contra a ocupação de
'Pinheirinho', em São José dos Campos (SP), chama-se Naji Nahas? Dono do
terreno, com dívidas de R$ 15 milhões junto à prefeitura
local,comandada por Santiago Cury, do PSDB, Nahas é um especulador
notório,tendo sido preso em julho de 2008 pela Polícia Federal, na
operação Satiagraha, junto do não menos notório banqueiro Daniel Dantas,
ambos acusados de desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de
dinheiro. Qual o sentido do 'desencontro' entre o manifesto desejo de um
acordo favorável aos moradores de 'Pinheirinho', expresso pelo governo
federal, e a lógica judicial-repressiva desastrada exercida com a
conivência ou a omissão do governo paulista e da prefeitura local? Qual o
sentido? O sentido é justamente esse, apenas esse: a supremacia
do dinheiro grosso contra o povo miúdo.
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