sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Como já afirmei antes: TODOS OS COMENTÁRIOS PUBLICADOS

Como sempre fazemos e agora não fugiremos a regra, publicamos todos os comentários neste blog e hoje recebi mais este:

Fabio deixou um novo comentário sobre a sua postagem "MUDANÇA NA COBRANÇA DA COLETA DE LIXO EM 2010":

Eu gostaria de saber porque a taxa de lixo foi aprovada por UNANIMIDADE como consta na página da câmara: http://www.cmg.pr.gov.br/default.asp?p=noticia.asp&id=155&t=C%E2mara-aprova-indexa%E7%E3o-da-taxa-da-coleta-do-lixo-no-carn%EA-do-IPTU-a-pedido-de-Elcio-Melhem

Isso realmente implica que nenhum, repito NENHUM dos nossos vereadores se opuseram à esta cobrança na sua criação. Isso me deixa totalmente insatisfeito com TODOS os nossos vereadores e a única coisa que posso deixar aqui é a minha indignação!

Com certeza mudanças nas cobranças dos impostos e taxas, NUNCA beneficiaram e nem nunca vão beneficiar o contribuinte.

Acredito que está na hora de começarem a pensar na população pelo menos no ano eleitoral, né??

Pessoal vamos se unir e acabar com essa palhaçada, vamos começar a excluir da nossa lista de possíveis candidatos as pessoas que já passaram pelo governo e nada fizeram em prol da população. E vamos batalhar para mudar essa cobrança abusiva que estão fazendo!!!

Só escrever num blog não adianta de nada, só dizer que concordam comigo também não, vamos divulgar esta iniciativa e tentar coloá-la em prática!

Estou completamente destruído e dilacerado com a c@g@d@ que os nossos governantes vem fazendo...

Perdemos a UTFPR? perdemos o IFPR? perdemos dinheiro na taxa de cobrança de lixo? perdemos o nome de nossa cidade? A cidade só aparece nos jornais como a cidade da qual o deputado saiu para matar 2 inocentes na capital! Aparece como a cidade que perdeu o campus da UTFPR para outras cidades! A cidade que possui a taxa de lixo mais abusiva do estado! a cidade onde o prefeito envia cartão de ano novo com um B de Bobo gigante na capa! A cidade onde se você quiser falar com o prefeito, pode esquecer, a agenda dele nunca tem tempo pra vocÊ... ele está muito ocupado para atender meros mortais como os eleitores que o elegeram! Claro! ele está bolando o que vai fazer para limpar a cara de seu filho mais velho e colocar o seu filho mais novo no poder, para não perder a TETA que somos nós que nutrimos!

Não consigo mais confiar no poder público, estou pensando seriamente em me mudar de país.

Isso é uma vergonha para mim como cidadão de uma terra tão amada. Porém é o que VOCÊS governantes estão fazendo com a gente.

O mínimo que deveriam fazer era mudar a atitude de vocês...

Me nego a enviar meus cumprimentos.

Fábio 


Este, minha assessoria e eu resolvemos responder em forma de postagem para o Fábio e para todas as pessoas que têm dúvidas sobre como foi a votação.
A primeira coisa que quero deixar claro é que o projeto de Lei Complementar 030/2009 foi mandado pelo Executivo Municiapal com caráter de Urgência e na primeria votação, na hora da discutir o projeto minha orientação foi para que o grupo de oposição votasse favorável e por esse motivo está a noticia da forma que você viu, com unanimidade.
Por ser um projeto desse  caráter, são necessárias três (3)  votações, portanto, ao estudar o projeto, os vereadores poderiam ter rejeitado ou aprovado. Como o a bancada de sustentação do prefeito é maior que a oposição, a Lei passou por 7 votos favorávies, 4 votos contrários e uma ausência.

Se você ver o vídeo postado aqui no blog verá que o tempo inteiro argumentei com o vereador Élcio Melhem sobre o aumento abusivo, antes ainda da última votação, tornei público aqui no blog e nas reuniões semanais que participo como ficaria a tabela caso o projeto fosse aprovado.

Entretanto, Fábio, respeito suas colocações, sua indiganção como a população de Guarapuava como um todo. Não faço parte do grupo que encabeçou este movimento a toa, só porque é ano eleitoral, mas porque acredito na organização popular e no voto para mudar a realidade. Faço parte de um grupo que discute a política de Guarapuava há mais de 15 anos, que não aceita o fato de sempre os mesmos grupos e famílias governem nosso município, estado e país.

Eu sim, agradeço suas colocações.
Antenor Gomes de Lima.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Abaixo-assinado - Taxa de Coleta de lixo

Hoje em conjunto com o Sindicato dos Bancários, Sisppmug, PC do B e várias outras entidades realizamos uma manifestaçaõ mem frente a Praça 9 de Dezembro contra o aumento abusivo da taxa de lixo no carnê do IPTU.

Consideramos o ato um sucesso, pois a populaçaõ de Guarapuava respondeu-nos e se mostrou indignada com tais aumentos. Algumas pessoas estavam com o carnê do Imposto nas mãos e nos deram  cópias para que fosse anexado ao abaixo-assinado, o qual foi entregue ao Ministério Público, pedindo providências quanto ao aumento.

Segue abaixo o texto enviado ao Ministério Público:




               AO MINISTÉRIO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA




Os cidadãos e cidadãs do Município de Guarapuava abaixo assinados requerem por iniciativa desta Promotoria Pública, providências no sentido de revisão dos reajustes da taxa do lixo, que passaram a serem cobrados no carnê do IPTU através do projeto de lei 006/09. Tal projeto previa apenas a  modificação da forma de cobrança e não o reajuste dos valores, que em alguns casos ultrapassam a 100%, caracterizando aumento abusivo. Segundo o art 6º, item B do código de defesa do consumidor o qual  prevê que um dos direitos básicos do consumidor é o direito “a modificação das clausulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”.

Diante do exposto, pede-se providências.


 Guarapuava, 28 de janeiro de 2010.



Se você concorda com estes argumentos, procure-nos na sede do Partido dos Trabalhadores, Rua Marechal Floriano Peixoto, 1313 - Próximo a Catedral e leve as folhas para colher assinaturas junto à sua família, amigos ou mesmo em seu local de trabalho.
Ou se preferir, mande um e-mail para vereadorantenor@gmail.com

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Monopólios dos EUA, FMI e pobreza no Haiti

A imprensa, como é o caso do The Guardian de 18 de janeiro, tem afirmado que “a situação de pobreza e fragilidade do Haiti estão na origem da enorme escala de horror que hoje se vive em Porto Príncipe”, mas não aponta nenhuma causa ou responsável por essa situação.

Na arrogância imperial dos EUA, na ganância dos monopólios norte-americanos e na política neoliberal imposta pelo FMI ao Haiti está a raiz de tamanha pobreza. É isso que a mídia monopolista tenta esconder.

Talvez o jornal britânico considere que não é bom que seus leitores se lembrem que o Haiti foi invadido militarmente pelos EUA, que os EUA patrocinaram vários golpes de estado e apoiaram ditaduras como a dos Papa e Baby Doc com os seus tonton macutes, que treinaram bandos paramilitares e, entre outras atrocidades cometidas contra o povo haitiano, desmontaram o Estado.

O país que já foi grande produtor e exportador de açúcar teve sua produção desorganizada e sua economia controlada pelos EUA há mais de meio século. Quase tudo no Haiti é importado dos EUA por empresas norte-americanas que também controlam as exportações do país.

O FMI completou o serviço exigindo que o Haiti dissolvesse o exército e aceitasse que ONGs, em vez do governo, recebessem dinheiro e ajuda para aplicar no país.

Sem Estado, sem exército, sem indústria, sem saúde, sem escolas, sem saneamento básico, sem controle do seu comércio exterior o Haiti ficou na mais absurda pobreza, impossibilitado de crescer e dependente de ajudas internacionais esporádicas.

O Bid se gaba de nunca ter saído do país e “ter experiência de trabalhar com o governo”. Já disputa ser o principal canal para receber e repassar aos haitianos os recursos financeiros das doações internacionais.
Com a população desempregada ou subempregada, 80% dela vive abaixo da linha de pobreza.

No dia seguinte ao terremoto um jornalista da Globonews dizia que “os EUA consideram que os haitianos são hostis a eles e que, ao contrário, são muito receptivos aos brasileiros”, e se perguntava qual seria o motivo...

Em outro noticiário televisivo não foi possível evitar o registro de um momento de profunda alegria de um haitiano que acabara de resgatar dos escombros uma mulher com vida. Feliz, ele comemorava. E nos comovia.

Em meio a tantas mortes o povo haitiano celebra a vida.

Pouco ou quase nada é dito sobre a coragem e a heróica resistência daquele povo que em meio a tantas perdas, solidários, se juntam para enterrar os familiares mortos, dividem um pedaço de pão ou um copo d’água, se unem, se apóiam e se fortalecem em meio a tragédia, pois sofreriam muito mais se não fosse assim.

Os monopólios de mídia têm insistido na “falta de coordenação em meio ao caos”. Alardeiam o descontrole, os saques e as ações de gangues.

Edmond Mulet, guatemalteco diplomata da ONU, em entrevista coletiva ontem em Porto Príncipe, disse que “a violência na capital não é generalizada, não há saques generalizados e não há gangues controlando a cidade como alguns meios de comunicação irresponsavelmente estão reportando” e que isso prejudica as ações para atender as vítimas.

O General Floriano Peixoto, brasileiro e comandante militar da Missão da ONU afirmou que “a situação está sob controle”, é menos grave do que a divulgada pela imprensa e que “os casos mais graves de violência na cidade não são generalizados”.
A imprensa tem subestimado o papel do Brasil na importante Missão no Haiti e o fato de que nas primeiras horas, na hora mais difícil em que aconteceu a catástrofe era o Brasil que estava ao lado dos haitianos. Lá 21 brasileiros perderam a vida ajudando o povo irmão, honrando o Brasil e os brasileiros. Nossos soldados junto ao povo cavavam os escombros com as próprias mãos em busca de sobreviventes e salvavam vidas. Deles, das tropas do nosso Exército muito nos orgulhamos.

O Presidente Lula não titubeou e no mesmo dia do terremoto chegaram a Porto Príncipe os primeiros aviões com médicos, bombeiros, comida, água, remédios e hospitais de campanha vindos do Brasil.

No Haiti não há escavadeiras para remover escombros, mas a primeira providência dos EUA foi enviar um porta-aviões com armas, dois navios de guerra, tomar o controle do aeroporto e do espaço aéreo e garantir o privilégio para cidadãos norte-americanos entrarem e saírem do país.

Outro problema gerado pelos EUA e apontado pela canadense Kim Bolduk, uma das coordenadoras do programa de distribuição de alimentos da missão da ONU, é a distribuição de alimentos jogados dos aviões em vôos rasantes. Ela pediu aos EUA que deixasse de fazer a distribuição de alimentos jogando pacotes de comida e víveres em certos lugares, pois esse método estava causando muitos problemas e tumultos, prejudicando a manutenção da ordem. Além do mais é um desrespeito com a população que tem de correr de um lado para outro sem saber onde cairão os alimentos. Só os pegam os que correm mais e são mais fortes.

Raymond Joseph, Embaixador do Haiti nos EUA também solicitou o fim dessa prática que “está provocando desordens”.

Os EUA aproveitaram a oportunidade para enviar mais dez mil soldados. “Como o Haiti é muito perto de Miami é preciso controlar uma provável fuga de haitianos para a Flórida. Desse modo não poderão dizer que os EUA estão invadindo o Haiti”, afirmou um jornalista no New York Times.

Dez mil soldados é uma nova invasão. Uma demonstração de que os EUA até hoje não aceitaram a derrota de terem tido que sair do Haiti para que lá ficasse a Missão da ONU composta por 36 países e liderada pelo Brasil.

A imprensa monopolista justifica. Afinal, o Haiti precisa de ajuda. Daí a necessidade de mostrar o pânico, o desespero, a falta de controle, a ação de bandidos roubando os bolsos dos cadáveres e tudo que deponha contra o Haiti, a Missão da ONU e sirva de desculpa para a ocupação do país pelas tropas dos EUA.

O momento agora é de reconstrução e recuperação do país e do Estado haitiano reforçando sua capacidade de impulsionar e induzir o desenvolvimento do Haiti como nação livre e independente. E a presença de dez mil soldados americanos “no terreno”, forçando a entrada sem autorização da ONU se constitui no maior obstáculo a isso.


ROSANITA CAMPOS

 Publicado no Jornal Hora do Povo

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

DISCUSSÃO SOBRE A TAXA DA COLETA DE LIXO

Durante o mês de novembro de 2009, postamos aqui no blog a nova tabela de cobrança do IPTU com as alterações exigidas pelo Ministério Público em relação à cobrança da taxa de lixo.
Colhemos algumas opiniões e meu voto foi contrário a esta forma de cobrança devido a oneração para o contribuinte no carnê do IPTU.
Para entendermos melhor, seguem abaixo as tabelas de cobrança da taxa de IPTU antes e depois da nova lei ter sido aprovada:


Tabela Código Tributário do Município de Guarapuava
(Novembro/ 2001)


MEDIDA IMÓVEL
VALOR EM UFMs*
VALOR EM REAIS
Até 60 m²
Isento
Isento
Acima de 60 a 80 m²
0,1293
R$ 4,33 mensais
Acima de 80 a 100 m²
0,1616
R$ 5,41 mensais
Acima de 100 a 120 m²
0,1939
R$ 6,50 mensais
Acima de 120 a 140 m²
0,2586
R$ 8,66  mensais
Acima de 140 a 200  m²
0,3227
R$ 10,81 mensais
Acima de 200 a 300 m²
0,3874
R$ 12,97 mensais
Acima de 300 a 1000 m²
0,9688
R$ 32,45 mensais
Acima de 1000 m²
1,9382
R$ 64,92  mensais



Valores da taxa de coleta de lixo quando cobrada na conta de água

R$ 3,24 .................................................. até 5 m³
R$ 4,33 ...................................................de 5 m até 10 m³
R$ 5,41................................................... de 10 m ate 15 m³
R$ 6,49 ...................................................de 15 m até 20 m³
R$ 8,66 ...................................................de 20m até 30 m³
R$ 10,81..................................................de 30 a 40 m³
R$ 12,97 .................................................de 40 a 50 m³
R$ 32,45................................................. de 50 a 100 m³
R$ 64,92 .................................................acima de 100 m³

Agora veja como ficou a cobrança com a nova lei (Lei 06/2009) 



MEDIDA IMÓVEL
VALOR EM UFMs*
VALOR EM REAIS
Até 60 m²
Isento
Isento
Acima de 60 a 80 m²
0,1552
R$ 5,19   mensais
Acima de 80 a 100 m²
0,1939
R$ 6,49   mensais
Acima de 100 a 120 m²
0,2327
R$ 7,79   mensais
Acima de 120 a 140 m²
0,3103
R$ 10,39  mensais
Acima de 140 a 200  m²
0,3872
R$ 12,97  mensais
Acima de 200 a 300 m²
0,4649
R$ 15,57  mensais
Acima de 300 a 400 m²
0,5646
R$ 18,91  mensais
Acima de 400 a 500 m²
0,6643
R$ 22,25  mensais
Acima de 500 a 600 m²
0,7640
R$ 25,29  mensais
Acima de 600 a 700 m²
0,8638
R$ 28,93  mensais
Acima de 700 a 800 m²
0,9635
R$ 32,277  mensais
Acima de 800 a 900 m²
1,0632
R$ 35,61  mensais
Acima de 900 a 1000 m²
1,629
R$ 38,95  mensais
Acima de 1000 m²
2,3258
R$ 77,91  mensais

*UFM: Unidade Fiscal do Município. Em Guarapuava, uma UFM é igual a R$ 33,50



No momento do debate na sessão argumentei sobre a oneração, porém como você pode conferir no vídeo abaixo, esta não foi a mesma opinião dos vereadores que fazem parte da base de sustentação do prefeito:




Dê sua opinião sobre o assunto: vereadorantenor@gmail.com








 

Que os pobres louvem os pobres

Por Giuseppe Cocco*
Pela primeira vez a economia brasileira não foi abalada pelo choque exógeno. Outra grande inovação: o Brasil se tornou um ponto de referência -ao mesmo tempo- do processo constituinte que atravessa a América do Sul e dos esforços de democratização da governança mundial da globalização. Como nas economias centrais (mas sem precisar mobilizar o mesmo volume de recursos), o governo Lula interveio para restaurar o crédito e subsidiar a produção industrial. Mas a verdadeira novidade é que as políticas sociais são hoje o motor da retomada do crescimento.
Um numero crescente de estudos já indicava que as transferências de renda (em particular o programa Bolsa Família) contribuíam para a redução sem precedentes da desigualdade de renda e para a pujança do consumo dos pobres (que as estatísticas chamam de “classes D e E”).
Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) revelou a existência de um potente coeficiente multiplicador: o aumento de R$ 1,8 bilhão do Bolsa Família (em 2005 e 2006) provocou um crescimento adicional do PIB de R$ 43,1 bilhões. A transferência de renda não apenas reduz a desigualdade mas também mobiliza o trabalho (cria riqueza).
Lembremos agora as duas grandes críticas ao primeiro governo Lula. A dogmática neoliberal gritava pelas “portas de saída”, contra transferências de renda desfocadas e assistenciais. A doxa desenvolvimentista esnobava a “esmola” e gritava pela mudança radical de política econômica.
São dois fundamentalismos -opostos entre eles- que criticam o governo Lula em nome de uma mesma fé na moeda: “In God we trust” está gravado nas notas do dólar, “Deus seja louvado” naquelas do real. Para uns, o mercado é Deus, com suas taxas de juros (e lucro). Para outros, Deus é o Estado e suas taxas de crescimento (industrial) e pleno emprego.
Nos dois casos, o critério de justiça é transcendental: o dinheiro é divinizado. Nele, o valor assume uma existência soberana. A vida vai depender do dinheiro, e não o dinheiro da vida.
Claro, as duas justiças não são equivalentes: a religião do mercado não distingue entre ganhos financeiros e lucros industriais -para seus sacerdotes, Lula é o diabo que inferniza o paraíso terrestre dos ricos. A dogmática do Estado afirma a necessária inclusão dos pobres pelo emprego industrial. No segundo caso, chega-se até a indignar-se diante da miséria.
Não por acaso, os desenvolvimentistas constituem vertente importante do governo. O problema é que eles enxergam Lula como um anjo que, descendo à Terra, deveria aplicar a justiça: decretar a baixa das taxas de juros para o crescimento econômico criar empregos e riqueza.
Só que a economia real comuta as duas razões transcendentais: as taxas de juros podem ser substituídas por aquelas da inflação, e vice-versa. A fé no poder abstrato da moeda não nos diz nada das relações de força que significam quanto ela “vale”, quer dizer, da moeda enquanto relação social.
O horizonte de outra política depende, pois, da ruptura dessa comutação, quer dizer, de quanto a mobilização democrática é capaz de manter a moeda dentro de seu sistema de significação sem deixar que seja arrastada do lado da fé e da transcendência.
Essa ruptura não depende da aplicação de um critério abstrato de justiça, mas da produção de uma outra justiça: não mais o valor do soberano (seja ele o mercado ou o Estado), mas aquele dos pobres: dos muitos enquanto muitos.
Foi a política social que permitiu fazer a necessária (e ainda moderada) inflexão na política econômica (o PAC e a amplificação dos outros investimentos sociais de educação e saúde) sem que a chantagem da inflação se reconstituísse. Não se trata nem de macro nem de microeconomia, mas da mobilização democrática e produtiva da multidão dos pobres.
Os governos Lula fizeram uma política dos pobres, e é ela que constitui o quebra-cabeça sem solução para uma oposição estonteantemente incapaz de inovação.
A política dos pobres torna obsoletas as equações econômicas: o 0,8% do PIB (em transferências de renda: Bolsa Família e Beneficio de Prestação Continuada) é muito mais potente do que os 6% gastos em juros da dívida pública. A justiça não depende mais de um anjo que desça do céu, mas da metamorfose de todos os homens em anjos. Nas notas do real poderemos escrever: “Que os pobres louvem os pobres”.
Nas eleições de 2010, será necessário dar mais um passo na direção que leva do 0,8% ao 6%, quer dizer, a constituição de uma renda universal incondicionada para os mais pobres.


* Giuseppe Cocco é cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Publicado na Folha e São Paulo do dia 11/01/2010 e no Sítio www.universidadenomade.org.br

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Retrospectiva 2009...

FALTOU NA RETROSPECTIVA


Por Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior.
Memorialista.
cartaxoarrudajr@gmail.com
A 3 de outubro do ano passado o premio Plutizer de jornalismo Taylor Branch publica “The Clinton Tapes”, 700 páginas sobre o governo Clinton 1993 a 2001 deixando o tucanato decepcionado e indignado, pois o presidente Fernando Henrique Cardoso não é citado! Por quê?
- Afinal foi à interferência do pres. Bill Clinton, junto ao FMI, que fez FHC conseguir mais dinheiro para tirar o Brasil novamente do buraco, que ele já metera antes, salvado o Real e de quebra garantindo sua reeleição. Então como FHC não está no livro! O jornalista justifica: “não tinha importância”. Durante o governo Bush, o Brasil de FHC nem existia, salvo o pires estendido ao FMI e seus ministros de estado tirando sapatos nos aeroportos americanos. A coisa muda completamente de figura quando nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aconvite da rainha Elizabeth ao Palácio de Buckingham receber o Prêmio Chatham House 2009,por sua atuação na constituição da Unasul - União de Nações Sul Americanas. A entrega do prêmio é feita durante jantar de gala na Banqueting House pelo duque de Kent e o secretário de Negócios do Reino Unido, Peter Mandelson, na ocasião Lula diz que a política externa é elemento fundamental no desenvolvimento brasileiro. "Decidimos associar nosso desenvolvimento ao da América do Sul, nosso entorno imediato. Estamos realizando um processo de integração solidária do continente, sem pretensões hegemônicas, sem busca de liderança”, disse do Brasil aproximar-se da África, como a segunda maior nação afrodescendente. Voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, de forma a refletir a nova correlação de forças no mundo. O Brasil reivindica, junto com outros países, cadeira permanente no Conselho. – “ Não esperem armas do Brasil. Não hesitem, no entanto, e demandar nosso apoio político, nosso esforço negociador...” Foi demais para o PIG os profissionais da imprensa golpista. Não fizeram nenhuma analise razoável na grande mídia nacional. Só elogios, a bondade da rainha, sua gentileza no alto de mais de meio século de reinado, sobraram às costumeiras piadinhas do plebeu e da nobreza. E no congresso nacional, os tucanos vociferaram sobre o custo da viagem de Lula, Dilma e Mantega“para ver a Rainha da Inglaterra...” Não se seguram de inveja, despeito e um profundo
complexo de vira lata se transformando em síndrome, porque a coisa não para aí. A Edição de fim de ano da conceituada revista americana The Economist traz o Cristo Redentor como um foguete na capa o titulo Brazil Takes Off”= Brasil Decola”. O editorial é sobre o Brasil e tem um especial de 14 páginas frisando nossa entrada no cenário mundial, iniciando pela escolha da sede olímpica em 2016 ser o Rio de Janeiro. Lula começa 2003 concretizando o G-20 tão importante
quanto o G-7, que ele transforma em G-8. De quebra inclui o Brasil no grupo de emergentes formando o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) hoje o desempenho do Brasil os supera. “Ao contrário da China, é uma democracia, ao contrário da Índia, não possui insurgentes, conflitos étnicos, religiosos ou vizinhos hostís... Ao contrário da Rússia, exporta mais que petróleo e armas. Trata investidores estrangeiros com respeito e se faz respeitar...” A revista faz a comparação do enorme salto que Lula dá no governo FHC, com dados que vão do risco Brasil baixar de 2.700 pontos para 200. Do salário mínimo triplicar. De passarmos de devedor a credor do FMI. De Lula tirar 23 milhões da pobreza e FHC só 2... Ainda, neste fim de 2009, Lula pediu a chanceler alemã Merkel que pensasse mais antes de falar em forças nucleares. Depois Lula disse mais:” O mundo hoje já não tem mais dono”; ele queria dizer mesmo é que os Estados Unidos já não são mais os donos do mundo, isto sim. E retificar isso é bom demais. É esse sim: “O Cara” como frisou Barak Obama. Expressão longamente deturpada e menosprezada pela mídia nacional com sua síndrome de vira lata, inveja e despeito. Lula é o Cara que protege Zelaya, abrigando o presidente eleito X governo de fato, mas não de direito. Principalmente ao dar voz ao presidente de Honduras e expor para o mundo a embaixada brasileira como refúgio da democracia de governo legal sedimentado no sufrágio universal. A grande mídia brasileira traduzia como interferência irresponsável que foge da inútil tradição brasileira de inércia, dizendo que é comício e palhaçada. Queriam era mesmo que o Brasil apoia-se o golpe... É bom deixar isso claro; nosso governo influi na América Latina e Lula não permite que continuemos a ser repúblicas de bananas. No começo da grande depressão econômica mundial, que, ainda, prossegue, Lula disse que o tusinami, que pegou o mundo, ia chegar no Brasil como uma marolinha e logo passar. A mídia nacional passou a rir e fazer troça e piadas de salão, masomaquiavelicamente, trabalhando contra as políticas do governo. Mas, foi o Lula que riu por último. Ele e o povo brasileiro que o segue e comprou quando ele pediu. Salvando o Brasil do tusinami e fazendo a marolinha ser curta para o desencanto dos mesmos. Contrariando muitos, mais agindo como estadista que é, Lula recebeu, com a mesma pompa, o presidente do Irã e o de Israel. E para aumentar o desespero do Pig, ele continua a passar o natal com catadores de lixo. E mais importante Lula descartou o terceiro mandato, o que o torna maior ainda. O Brasil exige do primeiro mundo que levem os números e as metas e as datas como ele fez para o encontro de Copenhaguen. Clamou até a Deus e aos sábios, e espero que não tenha sido em vão. (Pois Copenhaguen ainda não acabou). A busca de soluções para os problemas do meio ambiente do planeta. A incisiva participação do presidente Lula, em Conpenhagen, foi um dos pontos altos da reunião. Levou mídias por todo o mundo a fazer referência a Lula e ao Brasil, no seu espaço real de fato e com direito adquirido na luta. Em contrapartida a grande mídia nacional destaca o encontro relâmpago entre o Zé Serra e o Exterminador do Futuro: o debaixo d’agua com o debaixo do fogo... dois penetras. Enquanto isso o presidente da Espanha fez um ensaio sobre o presidente brasileiro na primeira página do principal jornal espanhol o El Pais. No México, Lula recebe do presidente Calderon a Ordem Mexicana da Águia Asteca, oferecida a estrangeiros por reconhecer "serviços proeminentes prestados à nação mexicana, à humanidade”. Pasmem até a mídia direitista da Argentina no Nacion elogia Lula! A News Week diz que o Brasil vai passar da China, e superar a produção agrícola norte americana, numa matéria de 10 páginas. Em breve, vamos saber que provavelmente temos mais óleo que a Arábia Saudita. A rede globo não fala nada disso na sua retrospectiva mas até a Al- Jazira, maior canal de Tv do Oriente diz que Lula é porta voz do 3° mundo na promoção da democracia, no debate sobre o clima, nas reformas da ONU e do FMI... Se o Brasil é o País do Futuro, o Futuro chegou, é aqui e agora. Com certeza, sem sombra de duvidas, hoje o que não tem futuro no Brasil é a pobreza. É o que se conclui na leitura da grande mídia mundial. Só aqui, os profissionais da Imprensa golpista (PIG) não quer ver. Se o Brasil é o país do amanhã. O amanhã já chegou é aqui e agora e começa com Lula na presidência. Para nós e muito mais para FHC o mais respeitado da mídia, o berço da civilização ocidental está na França é o Le Monde que nunca em sua historia de 65 anos de existência deu titulo de homem do ano para alguém. Abriu exceção ao Lula em matéria muito bem fundamentada de 4 paginas que podem fazer como diz Paulo Henrique Amorim: “FHC cortar os pulsos” de inveja e com a fotografia do Lula enorme na primeira página, pode ser fatal. É a Europa representada pelo que há de maior na intelectualidade se curvando pela primeira vez diante do Brasil e seu operário presidente. Isso se da véspera de natal, A rede globo desconhece completamente o assunto, só fala exaustivamente do menino, americano seqüestrado pela mãe brasileira que volta aos EUA Foi aí que eu vi a ficha cair. É só a preparação do contraponto em stand bay para o que suceder quando Lula deixar o italiano Cesare Batist no país. E mais o que eles vão começar em breve a dizer é que: o estrupador vota na terrorista. Hoje militares golpistas e ministros se voltam contra as determinações do 3º Programa de Direitos Humanos da presidência da republica cuja Comissão da Memória e Verdade não confundi:” Anistia com amnésia”. Tramando factóides escondidos atrás de idiotas ameaças de renuncias... Já dizem que nós queremos é a censura e o fim da liberdade de expressão... é a velha tática nazista do Joseph Goebbels , já conhecida e eficaz a de repetir a mentira... Resta saber se no presidente Lula vai pegar. Ou é o povo é que vai voltar a gritar, que não é bobo pra acreditar na rede globo e fora. Quem viver verá. Lula não deve aguardar renuncias elas nunca virão. Deve sim exonera-los a bem do serviço publico, por crime de traição a pátria e lesa humanidade. O ministro da Defesa é reincidente nisso, vazou na
surdina o factóide caso dos jatos. É só mais uma peça movendo-se em direção ao golpe. É sintomático a persistência do silencio, a omissão deslavada. Eles se manterem ausentes sobre Lula ser escolhido um dos 100 homens mais poderosos do mundo, 33° colocado. A rede globo no auge da síndrome de vira lata, para macular a importância do presidente Brasileiro, mente dizendo que nesta lista ele esta vizinho ao Bin Ladem e estampa fotos dos dois na tv, na verdade 4 outros dirigentes mundiais os separam. Acontece que não parou por aí, o silencio do pig é mantido quando em seguida o presidente Lula é escolhido membro do grupo dos 20 homens mais influentes no mundo. O Financial Times o inclui entre os 50 homens mais importantes da terra é o 11°... Indubitavelmente, o presidente Lula é um dos mais poderosos ícones da primeira década, neste novo milênio. É fato incontestável, em toda a mídia mundial. Mas lamentável, é a imensa maioria da mídia nacional desconhecer essa verdade que os povos do mundo, tão salutar sentem.


Retirado do Blog Desabafo Brasil

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Altamiro Borges: Boris Casoy despreza garis e Lula


O preconceito de classe do “jornalista” Boris Casoy não se manifestou apenas contra os garis, que foram humilhados no Jornal da Band na virada do ano. Esse ódio de classe ficou ainda mais explícito na gestão do presidente Lula.

Por Altamiro Borges

O preconceito de classe do “jornalista” Boris Casoy não se manifestou apenas contra os garis, que foram humilhados no Jornal da Band na virada do ano. Na ocasião, um vazamento de áudio permitiu ouvir a sua frase elitista: “Que merda. Dois lixeiros desejando felicidades... do alto das suas vassouras... Dois lixeiros. O mais baixo da escala do trabalho”. Na seqüencia, ele até pediu desculpas, com cara de sonso, pelo “vazamento”, mas não por suas idéias discriminatórias.

Direitista convicto, acusado de ter integrado o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) durante os anos de chumbo da ditadura militar, Boris Casoy sempre teve “nojo de povo” – como o ex-presidente João Batista Figueiredo. Ele sempre atacou os trabalhadores e suas lutas por direitos. Esse ódio de classe ficou ainda mais explícito na gestão do presidente Lula – não por seus erros e limitações, mas sim por seus méritos, como as políticas de inclusão social. Para este capacho das elites, era totalmente inadmissível um operário, ex-sindicalista, ocupar o Palácio do Planalto.

Serviçal dos demos no impeachment

Durante o chamado “escândalo do mensalão”, o banqueiro Jorge Bornhausen, presidente do ex-PFL, atual demo, chegou a cogitar que Boris Casoy liderasse o pedido de impeachment de Lula. A coluna “Painel” da Folha de S.Paulo registrou a tramóia em 9 de abril de 2006: “A oposição já busca na sociedade civil um nome para encabeçar o pedido de impeachment de Lula, assim como Barbosa Lima Sobrinho fez com Fernando Collor... Miguel Reale Jr., ex-ministro da Justiça de FHC, e o jornalista Boris Casoy estão cotados para subscrever a peça [do impeachment]”.

Dias antes, em 28 de março, no mesmo veículo golpista, Casoy já havia pregando a derrubada de Lula. O artigo parece ter sido encomendado por políticos mais sujos do que pau de galinheiro, como Bornhausen, o falecido ACM e o governador Arruda. Intitulado “É uma vergonha”, ele era raivoso e mentiroso: “Jamais o Brasil assistiu a tamanho descalabro de um governo... Há, desde o tempo do Brasil colônia, um sem número de episódios graves de corrupção e incompetência. Mas o nível alcançado pelo governo Lula é insuperável... Todos os limites foram ultrapassados; não há como o Congresso postergar um processo de impeachment contra Lula”.

Lula não caiu; e Casoy?

Metido a mentor da oposição de direita, Casoy ainda tentou pautar os políticos, exigindo pressa na ação golpista. “O argumento para não afastar Lula, de que sua gestão vive os últimos meses, é um auto-engano”. Serviçal dos barões da mídia, ele também explica uma das razões do seu ódio. “Lula passará à história como alguém que procurou amordaçar a imprensa”. E insistia: “Neste momento grave, o Congresso não pode abdicar de suas responsabilidades, sob o perigo de passar à história como cúmplice do comprometimento irreversível do futuro do país. As determinantes legais invocadas para o processo de impeachment encontram, todas elas, respaldo nos fatos”.

A escalada golpista não obteve sucesso. Lula foi reeleito e hoje goza de popularidade recorde. Já o “jornalista” Boris Casoy, que gritou pelo impeachment, corre o risco de ser defenestrado. Alguns setores da sociedade já exigem o “impeachment” do âncora do Jornal da Band! Outros propõem, com base nos artigos da Constituição que condenam qualquer tipo de discriminação, que ele seja obrigado a prestar serviços comunitários, varrendo ruas, como forma de se redimir pela agressão aos garis. O seu preconceito de classe não diminuiria. Mas, ao menos, seria muito divertido!



Artigo originalmente publicado no Blog Oni Presente


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

BOAS NOTÍCIAS...


Recursos para merenda e transporte escolar terão aumento de 37%
Os recursos para merenda e transporte escolar em 2010 terão aumento de 37%. Os valores contemplam o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa Nacional do Transporte Escolar (Pnate). Executados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, ambos os programas repassaram cerca de R$ 2,67 bilhões a estados e municípios em 2009. A previsão é de que o montante de 2010 atinja R$ 3,65 bilhões, sendo R$ 3 bilhões para o Pnae e R$ 650 milhões para o Pnate.
Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, a medida servirá para recompor o poder de compra de alimentos para as escolas no caso da merenda, que não tinha reajuste desde 2006. Já para o transporte, o aumento dos valores vai beneficiar os municípios mais pobres, com mais matrículas de alunos do campo.

Novos valores
 - O cálculo para repasse do dinheiro da merenda a estados e municípios subiu de R$ 0,22 para R$ 0,30 por dia para cada aluno matriculado em turmas de pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos. As creches e as escolas indígenas e quilombolas, que recebiam R$ 0,44, passarão a contar com R$ 0,60. As escolas que oferecem ensino integral por meio do programa Mais Educação terão R$ 0,90 por dia. O Pnae beneficia cerca de 47 milhões de estudantes da educação básica.
Usados para manutenção da frota dos estados e municípios, compra de combustível e terceirização do serviço, os recursos do transporte escolar passarão dos atuais R$ 88 a R$ 125 por aluno ao ano para R$ 120 a R$ 172. Em 2009, o programa chegou a cerca de 4,8 milhões de estudantes da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio, apenas na área rural.




Fonte: Informativo Em Questão


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O pósanticontra muitoantespelocontrário-Lula


ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PORTAL CARTA MAIOR

O pósanticontra muitoantespelocontrário-Lula
Por Flavio Aguiar




Para a direita brasileira o fim de ano não podia ser pior, apesar de Serra se manter na frente, nas pesquisas para o Planalto. Só deu presidente Lula: prêmio Houphouët-Boigny da Unesco, título de doutor honoris causa na Universidade de Hamburgo (depois da de Lyon), personalidade do ano para o jornal El País, elogiadíssimo pelo premiê Zapatero, sucesso em Copenhague (apesar do fracasso da conferência) e para culminar, personalidade do ano para o jornal Le Monde. De quebra, o chanceler Celso Amorim foi elogiadíassimo como profissional da área por seu colega espanhol, que também não regateou apalusos à política externa brasileira.

E por onde o nome de Lula ou o próprio passa, não faltam aplausos: assim foi perante a platéia de empresários em Hamburgo, em Portugal, na Grã-Bretanha, e em jornais conservadores (e sérios, do ponto de vista jornalístico), como The Economist, Financial Times, Frankfurter Allgemeine, ou progressistas, como o Süddeutschezeitung, ou até mesmo a revista Der Spiegel, conhecida por não dar moleza a políticos, seja de que lado forem. Para Lula, só elogios. Agora, neste final de fim de ano, o Financial Times nomeou Lula como uma das 50 personalidades que “moldaram a última década”. Segundo o FT, Lula é o político mais popular da história do Brasil, e seu governo implementou “programas de transferência de renda baratos, mas eficientes”. E nem falamos da Ópera Olímpica do Rio de Janeiro. Se Lula acabar ganhando algum Nobel da Paz, a nossa direita vai roer as unhas até os cotovelos. Mas certamente não dará o braço a torcer: vai continuar ressentida contra esse presidente que não só “não fala português direito”, como não fala “sequer uma única língua estrangeira”. Que vergonha! (para a nossa direita, é claro, por se prender a essas mesquinharias de segunda mão, já que lhe falta assunto).

Mas houve mais: perplexa, a direita brasileira viu evaporar-se seu plano de impedir a entrada da Venezuela no Mercosul; assistiu de cadeirinha à consagração de Evo Morales nas urnas de seu país, a de José Pepe Mujica, ex-tupamaro, no Uruguai. Ainda teve de encarar o fato de que a Bolívia está entre os países da América do Sul que mais crescem economicamente, o sucesso de suas políticas sociais, as do Equador, do Paraguai e as do próprio Brasil.

Restaram-lhe alguns prêmios de consolação, mas tão complicados quando reveladores do seu próprio caráter, por osmose ou metonímia (perdoem-me os palavrões; poderia dizer por contaminação ou proximidade). Um foi a enredada tibieza da política externa do governo Obama em relação à América Latina, que serviu de moeda de negociação com os republicanos em troca da liberação de nomeações diplomáticas para a região. Outro, pior ainda, foi o golpe de estado em Honduras e a leniência, para não dizer conivência ou cumplicidade, que ela apregoou em relação a ele. Outro ainda, ao apagar das luzes de 2009, foi a vitória de Piñera, o herdeiro do pinochetismo, no primeiro turno das eleições chilenas, que, ela espera, terá continuidade no segundo turno. Quer dizer: de aberto, tudo o que a nossa direita teve a exibir são compromissos com o passado de subserviência global e de práticas ditatoriais no nosso continente.

Para essa visão comprometida com o que nosso continente sempre teve de mais reacionário e oligárquico, durante o governo Lula a nossa política externa rompeu com a tradição de “pragmatismo” e enveredou por uma perigosa “politização”, embalada por compromissos ideológicos ou por “sonhos megalomaníacos”, como o de conquistar a qualquer preço uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU (esquecendo que essa é uma reivindicação brasileira desde a fundação desse organismo internacional). Para o pensamento da nossa direita, “pragmatismo” é reconhecer o golpe em Honduras, mas não as eleições (que sempre houve) na Venezuela, na Bolívia, no Paraguai, no Uruguai e por aí afora.

Ainda para essa visão: ao acolher Zelaya e ao posicionar-se frontalmente contra o golpe em Tegucigalpa, o Brasil ficou “isolado” na cena internacional. Quer dizer, para esse pensamento, o fato de a maioria esmagadora dos países da América Latina e do Caribe não terem reconhecido o golpe nada conta: só conta o fato de que o Brasil teve uma rusga (e não muito séria) com a claudicante política de Clinton/Obama para a região.

Essas questões ajudam a elucidar um aspecto do confronto eleitoral que se prepara em 2010. Uma das chaves da propaganda (já) anti-Dilma é a de que o cavaleiro conservador que entrar na liça não será um “anti-Lula”, mas sim um “pós-Lula”. Olhando-se para esse comportamento da nossa direita na frente externa e suas expectativas, vê-se logo que isso é um fraseado sem pé nem cabeça. Trata-se sim de virar a mesa no sentido anti-horário, quer dizer, anti-Lula, provocando uma regressão histórica de grande monta, assim como a assertiva de FHC de que seu governo poria fim “à era Vargas” não apontava para o futuro, como queria o ex-presidente, mas para o passado, restaurando cacoetes e o viés anti-social da República Velha ou dos Coronéis.

O mundo imaginário e sentimental em que grande parte da nossa direita vive é anacrônico, pautado por um liberalismo brasileiro à antiga, aquele liberalismo que não se liberou jamais de proteger sua condição de casta superior; que sempre preferiu entregar os dedos, as mãos inteiras, os pés e todo o corpo da nação a perder o privilégio dos seus anéis. E que vive embalada por um sonho da carochinha onde prima uma confusão dos Estados Unidos com Disneyworld e da Europa com o mundo de Sissi (que me perdoe a Romy Schneider, uma grande atriz). E por um pesadelo, para eles, chamado Brasil, povoado agora por um povão que vem se revelando difícil de manter nos antigos apriscos excludentes e currais eleitorais.

Uma última observação, quase um desvio de assunto, mas ainda assim seria “a digressão pertinente”. No elogio de Lula nas páginas do Le Monde (24/12/2009, 11h32), o jornalista Eric Fottorino, escreveu: “Desde sua criação, Le Monde, marcado pelo espírito de análise de seu fundados, Hubert Beuve-Méry, quer ser um jornal de (re)construção, também de esperança; ele veicula, à sua maneira, uma parte do positivismo de Auguste Comte, tomando como causa sua os homens de boa vontade e suas proposições”.

Quer dizer, quase 153 anos depois de sua morte (1798 – 1857), Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, um dos avós paternos da nossa bandeira republicana, continua a ditar parte do baralho da nossa canastra política. Que a nossa direita anseia em (re)transformar no pôquer de cartas marcadas onde só os caubóis ganham. Mas isso de Auguste Comte e o Brasil do século XXI é tema para outro artigo, que virá logo. Até 2010, e deixo aqui o lema que me encanta até hoje, como saudação de fim/novo ano às leitoras e leitores que me (e nos) acompanharam até aqui: “Um por todos, todos por um”.

Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior.

domingo, 3 de janeiro de 2010

RETROSPECTIVA...


Nos fins de ano, a moda é fazer retrospectivas e nosso blog não pode ficar de fora dessa. Esta recebi via e-mail e achei interessante:


A matéria publicada na revista THE ECONOMIST ressalta de forma eloqüente, até para o capitalismo, o quando o Brasil cresceu na era Lula. Vale a pena conferir:



Vejam o que The Economist publicou! (veja a capa da revista no anexo)
Situação do Brasil antes e depois.

Itens

Nos tempos de FHC
Nos tempos de LULA
Risco Brasil
2.700 pontos
200 pontos
Salário Mínimo
78 dólares
210 dólares
Dólar
Rs$ 3,00
Rs$ 1,78
Dívida FMI
Não mexeu
Pagou
Indústria naval
Não mexeu
Reconstruiu
Universidades Federais Novas
Nenhuma
10
Extensões Universitárias
Nenhuma
45
Escolas Técnicas
Nenhuma
214
Valores e Reservas do Tesouro Nacional
185 Bilhões de Dólares Negativos
160 Bilhões de Dólares Positivos
Créditos para o povo/PIB
14%
34%
Estradas de Ferro
Nenhuma
3 em andamento
Estradas Rodoviárias
90% danificadas
70% recuperadas
Industria Automobilística
Em baixa, 20%
Em alta, 30%
Crises internacionais
4, arrasando o país
Nenhuma, pelas reservas acumuladas
Cambio
Fixo, estourando o Tesouro Nacional
Flutuante: com ligeiras intervenções do Banco Central
Taxas de Juros SELIC
27%
11%
Mobilidade Social
2 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza
23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza
Empregos
780 mil
11 milhões
Investimentos em infraestrutura
Nenhum
504 Bilhões de reais previstos até 2010
Mercado internacional
Brasil sem crédito
Brasil reconhecido como investment grade



    Apergunta é: por que a mídia esta tao envolvida na campanha anti-Dilma? Resposta: o tempo anterior garantia mais lucro. Lula disse que a elite brasileira esta acostumada e ate gosta ver o pobre estendendo mão para lhe pedir comida, por outro lado (e tempo), a elite não aceita ver o pobre se alimentando, aos seu lado, sem pedir. Estes dados acima ilustram este outro Brasil que decola.


Olhem a capa da revista The Economist