No compasso da música que embalou as campanhas de
Lula à presidência desde 1989, mais de dez mil
participantes da IV Marcha das Margaridas receberam ontem a
primeira mulher a governar o Brasil: “Olê,
Olê, olê, olá... Dilma,
Dilma!”.
Antes de
iniciar seu discurso, repetindo um gesto comum do seu
antecessor, Dilma pôs o chapéu de palha,
símbolo das “margaridas guerreiras”
– como ela própria chamou – “em
marcha por igualdade, liberdade e justiça”,
palavra de ordem convertida em mantra do evento, que reuniu
cerca de 70 mil mulheres e homens das 27 unidades
federativas e de sete países da América
Latina.
Em sua
fala, Dilma fez questão de enunciar vários
itens – do caderno com 158 pautas apresentado pela
Contag e parceiras da Marcha – já acatados pelo
governo, relacionados, sobretudo, à saúde das
mulheres do campo. E enfatizou a continuidade do
diálogo como grande trunfo do evento.
“Muitas demandas foram acatadas e sobre outras
vamos continuar a conversa. O principal resultado desta
marcha é a continuidade do diálogo respeitoso
e companheiro entre vocês e o governo, iniciado pelo
presidente Lula”, disse a presidenta.
Dilma
também anunciou que foi criado um grupo
interministerial para se reunir com as entidades da Marcha
das Margaridas e acompanhar a implementação
dos compromissos já assumidos pelo governo e negociar
as outras demandas do movimento. O grupo se reunirá
semestralmente e o primeiro encontro ocorrerá em
outubro.
Antes da
presidenta Dilma, a ministra da Secretaria de
Políticas para Mulheres, Iriny Lopes, e o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, ressaltaram
a importância da manifestação. A
deputada Erika Kokay (PT-DF), que
participou da marcha, ressaltou a beleza diferenciada do
evento. “Isso demonstra que as mulheres têm fome
de pão, de terra, mas também de beleza, pois
ela possui uma estética diferente, uma
estética da vida, de defesa da vida”, observou
a deputada.
Na tribuna – Petistas de
vários estados saudaram a Marcha na tribuna da
Câmara. Entre outros assuntos, Valmir
Assunção (PT-BA) e Domingos
Dutra (PT-MA) chamaram a atenção para
a PEC 438/01, que expropria terras onde for identificado o
uso de mão de obra escrava, proposta que consta na
pauta das margaridas.
O
deputado José Guimarães
(PT-CE) destacou a importância da agricultura
familiar, “uma das vertentes que tem sustentado o
crescimento da economia brasileira, particularmente no
Nordeste”. O deputado Padre Ton
(PT-RO) informou que o cineasta Silvio Tendler
está produzindo um filme sobre as mulheres do campo.
“A ideia é acompanhar a vida de mulheres nas
cinco regiões do País, seu cotidiano e
atuação sindical, até a chegada a
Brasília, para a maior mobilização de
trabalhadoras rurais da América Latina”,
noticiou o deputado.
Agência Informes
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