Enviado por Valter Pomar.
Assim que saíram os primeiros resultados de boca de urna das eleições para governadores de departamento e prefeitos levadas a efeito no último dia 4 de abril na Bolívia, a nossa açodada e interessada mídia estampou que Evo Morales perdia terreno. Ganhava na maioria dos nove departamentos mas perdia em 7 das 10 principais cidades. E o mais grave, segunda a nossa grande imprensa, o MAS (Movimiento AL Socialismo) de Evo recebia menos votos que Evo Morales havia recebido nas eleições presidenciais de dezembro de 2009.
Em defesa de sua tese, a grande mídia, maliciosamente, tentou comparar o que não pode ser comparado: uma coisa é a eleição presidencial, outra, eleição para governador e mais ainda, para prefeito. Fatores díspares entram em jogo nessas distintas eleições, como todos, inclusive os jornalões, as radiões e as ‘televisões’, estamos cansados de saber. Ainda assim, Evo e seu partido ganharam 6 dos 9 departamentos - avançando proporcionalmente em todos eles especialmente os 3 da ‘media luna’ onde perdeu - e 229 das 337 prefeituras.
No entanto, para escrutínio e as devidas conclusões dos leitores, vamos comparar abaixo alho com alho e não com bugalho. A comparação correta é: eleições ‘prefecturales’ (chamavam-se prefeitos os governadores dos departamentos pela anterior constituição) de 2005 com as eleições ‘gubernamentales’ (chamam-se agora governadores pela atual Constituição) de 2010.
Antes cabe ressaltar que o pleito de 4 de abril foi a quinta consulta popular desde que Evo Morales foi eleito presidente em 2005. Sob a égide da Constituição Plunacional Política do Estado é a segunda. Foi mais uma grande vitória da democracia. Comparecimento maciço, cerca de 5% de abstenção, sede de votar e participar, tranqüilidade e lisura do processo – salvo exceções vindas exatamente de gente do passado.
O modelo democrático que começou a ser aplicado no país e que está expresso na atual Constituição, aprovada em referendo popular por esmagadora maioria, garante o direito civil e político a seus homens e mulheres, brancos, mestiços e indígenas, de expressar livremente seus pensamentos e opiniões. Ficou para trás a era de golpes militares e conciliábulos das oligarquias, de costas e contra os interesses do povo. A democracia na Bolívia se consolida visivelmente e sob a liderança de Evo e Garcia Linera avança para conquistas no campo econômico e social
Vamos agora aos números. Observem que as cifras do MAS estão em negrito e que incluí outros partidos melhor colocados em 2005 e os dois primeiros em 2010. Peço que se centrem mais nas porcentagens visto que, a par de um notável avanço tecnológico na constituição do registro eleitoral, houve um extraordinário crescimento do eleitorado de 2005 a 2010. [dados da Corte Nacional Electoral de Bolívia]
Estado 2005 2010
Chuquisaca MAS 66.999 42,30 % MAS 109.270 53,6 %
Podemos 57.552 36,34 % CST 72.314 35,5 %
La Paz MAS 321.385 33,81 % MAS 534.402 50,0 %
UM 361.055 37,98 % MSM 248.006 23,2 %
Cochabamba MAS 222.895 43,09 % MAS 415.245 61,9 %
AUN 246.417 47,64 % UM 174,175 26,0 %
Oruro MAS 63.630 40,95 % MAS 107,470 59,6 %
Podemos 43,912 28,26 % MSM 53.104 29,5 %
Potosi MAS 79.710 40,69 % MAS 163.989 66,8 %
Podemos 58.392 29,80 % AS 31.564 12,9 %
Tarija
(media luna) MAS 28,690 20,43 % MAS 88.014 44,1 %
Encuentro 64.098 45,64 % CC 97.726 48,9 %
CR 47.637 33,92 %
Santa Cruz MAS 151.306 24,16 % MAS 372.672 38,3 %
(media luna) APB 299.730 47,87 % Verdes 511.684 52,6 %
MNR 175.010 27,95 %
Beni MAS 7.954 6,72 % MAS 60.477 40,1 %
(m. luna) Podemos 46.842 44,63 % Primero 64.055 42,5 %
MNR 31.290 29,81 %
AUE 19.755 18,82 %
Pando MAS 1.244 6,00 % MAS 17.003 49,7 %
(m. luna) Podemos 9.958 48,03 % CP 16.579 48,4 %
UM-MAR 9.530 45,96 %
Max Altman
14 de abril de 2010
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