Uma confusão de conceitos vem sendo repetida com insistência nos
últimos dias, após o êxito do leilão de concessão das áreas de serviço de três
dos mais importantes aeroportos brasileiros – Viracopos e Cumbica, em São Paulo , e JK, no
Distrito Federal.
A
oposição ao governo do PT, pautada pela mídia dominante, tenta ocupar espaços
no Congresso para impor a versão de que o governo do Partido dos Trabalhadores
rendeu-se à ideologia neoliberal do PSDB e aderiu às privatizações. Nada mais
falso.
Tão
falso que a mesma mídia se confunde em suas manchetes e reportagens, trazendo,
numa mesma matéria as duas expressões. A prática não é nova. A palavra
privatização é colocada no título – para posterior utilização no horário
político ou na campanha eleitoral – mas a palavra concessão, a que é correta,
aparece no texto, em letras menores. Mas o que é concessão e o que é
privatização? Por que elas não são a mesma coisa? Essas são algumas das
perguntas respondidas na sequência para esclarecer a militância e os filiados do
PT, para que não se deixem enganar. Não comprar gato por lebre.
*Qual é a principal diferença entre concessão e privatização?*
A
privatização vende os bens da empresa estatal, o patrimônio público, e
transfere a exploração da atividade econômica dessa estatal para o capital
privado. A privatização nada mais é do que transferir para o setor privado a
titularidade e gestão de empresas que até então pertenciam ao Estado. A
concessão, ao contrário, prevê que os bens e serviços a serem explorados serão devolvidos
ao Estado ao final do contrato – ou a qualquer momento, se o governo julgar a
retomada da exploração dos serviços como de interesse público. Além dessa
enorme diferença entre um e outro, o governo do PT manteve a Infraero, uma
empresa do Governo Federal que terá 49% do capital no controle das empresas que
vão explorar os serviços nos três aeroportos.
*O que vai acontecer após o fim da concessão?*
Quando
o contrato de 30 anos de concessão terminar, os aeroportos voltam a ser
controlados pelo Estado. Mas, sendo conveniente ao governo e ao País, esses
contratos poderão ser renovados.
*Tem fundamento o discurso da mídia e da oposição de que o
Governo Federal, por imposição ideológica do PT, era contrário a processos
desse tipo?*
Não
há qualquer fundamento. Assim como os aeroportos que agora estão sendo
concedidos para exploração, o governo do PT, durante os oito primeiros anos da
gestão do ex-presidente Lula, assinou contratos semelhantes com ferrovias,
rodovias e concessionárias de energia elétrica, sempre dando prioridade à
modalidade de menores tarifas. Também não é novidade a concessão de aeroportos.
Em agosto do ano passado foi realizado – e com êxito semelhante – o
leilão que concedeu para exploração privada o aeroporto de São Gonçalo do Amarante,
no Rio Grande do Norte. O ruído que se promove agora, portanto, não tem
cabimento. Seu único propósito é dizer que o governo do PT se aproxima da
ideologia privatizante do PSDB – o que é uma arrematada bobagem.
*Durante as privatizações do governo FHC, dizia-se que o
dinheiro arrecadado serviria para pagar a dívida pública da União. Para aonde
vão os recursos arrecadados com os leilões de concessão?*
A
justificativa tucana para privatizar empresas que pertenciam ao patrimônio
público, infelizmente, não foi cumprida. A dívida pública era de R$ 60 bilhões
em 1995, no primeiro ano de governo FHC. Quando seu governo terminou, a dívida
era de R$ 245 bilhões – o que nos leva a perguntar onde foi parar o dinheiro
arrecadado com a liquidação na bacia das almas das empresas vendidas. No caso
dos contratos de concessão a serem assinados para exploração dos aeroportos, o
dinheiro tem um destino: o Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC). O FNAC é
vinculado à Secretaria de Aviação Civil, que responde diretamente à Presidência
da República e tem como objetivo destinar recursos ao aprimoramento do sistema
da aviação civil. O dinheiro será aplicado em projetos de desenvolvimento e
fomento da aviação civil e das infraestruturas aeroportuária e aeronáutica
civil. Quer dizer, será investido em outros aeroportos brasileiros.
*A mídia está divulgando que um dos efeitos da concessão é o
encarecimento das passagens aéreas. Procede?*
Não
procede. O objetivo da concessão é ampliar a infraestrutura aeroportuária.
Haverá maior oferta de voos e maior concorrência entre as companhias aéreas – o
que deverá provocar a redução das tarifas.
*Outra dúvida que vem sendo noticiada é sobre a capacidade de
trabalho e investimento das empresas que venceram o leilão. Como o governo pode
garantir que as empresas vencedoras cumprirão com o que está nos contratos?*
Os
contratos preveem multas elevadas, no caso de a empresa não dar conta das obras
de ampliação e de atendimento da demanda.
*E a Infraero, como fica com a concessão?*
A
Infraero é a estatal responsável pela operação de 66 aeroportos, nos quais
estão concentrados 97% dos passageiros que viajam de avião no País.
Para
ter uma noção de sua responsabilidade, 155,4 milhões de pessoas utilizaram os
aeroportos brasileiros em 2010.
A Infraero continuará administrando todos os demais
aeroportos fora do regime de concessão – o que, hoje, representa 67% do
movimento de passageiros. Além disso, a Infraero será acionista das concessões
com até 49% do capital social. Essas são as principais – e verdadeiras –
diferenças entre privatização e concessão. Qualquer outra argumentação que a
oposição ou a mídia dominante apresentar tem como único propósito confundir a
opinião pública, tentando impor a versão de que o PT copia as mesmas práticas
entreguistas que infelizmente o Brasil assistiu durante os oito anos de governo
do PSDB.
*Com
informações da Secretaria Nacional de Aviação Civil
*Escrito por PT Senado
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