terça-feira, 7 de junho de 2011

Plano Nacional de Educação (PNE) é debatido na Assembleia Legislativa

Realizar um amplo diagnóstico das necessidades da educação no Brasil. Essa é a meta da Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE) da Câmara dos Deputados que está percorrendo o País, debatendo e colhendo propostas e sugestões ao novo PNE. Nesta segunda-feira (6) foi realizada uma audiência pública sobre o tema na Assembleia Legislativa do Paraná, conforme proposta das comissões de Educação e de Cultura da Casa, em conjunto com a Câmara Federal. O evento visou discutir as 20 metas, 10 estratégias e 178 diretrizes estabelecidas pelo Plano a serem alcançadas pelo país até o ano de 2020. 

Além de incluir metas de acesso à educação infantil, ensino médio e superior, o Plano também reafirma a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina a universalização da pré-escola até 2016, e acrescenta que 50% das crianças de até 3 anos devam ter acesso à creche até 2020. “Precisamos mapear as demandas para descobrir aonde chegamos no ensino básico, médio, superior e na educação infantil. É hora de diagnosticar as necessidades do setor”, comentou o relator do PNE, deputado federal Ângelo Vanhoni (PT/PR).

“A educação deve ser o principal vetor de crescimento do Brasil. E a discussão deve envolver governos, municípios, e a sociedade como um todo”, disse Vanhoni, ao informar que o projeto já recebeu mais de 1.200 emendas e que “até quarta-feira, prazo final para apresentação de emendas parlamentares, esse número deve chegar a 1.500 ou 1.600 emendas”. Em Curitiba, o evento contou com a participação de mais de 21 entidades que apresentaram várias emendas ao projeto. “Hoje discutimos a permanência das crianças nas escolas, a inclusão, a valorização dos professores, a educação no campo e várias entidades entregaram sugestões ao relator, deputado Vanhoni”, informou o deputado estadual Professor Lemos (PT).

Financiamento
Outra questão bastante discutida durante o evento foi com relação ao financiamento do setor, mais precisamente o índice do Produto Interno Bruto (PIB) destinado à educação. “Não será uma discussão fácil. A sociedade reunida em entidades já postulou um índice de 10% do PIB. O Executivo enviou uma mensagem estipulando 7%. O índice financeiro vai ser a grande discussão, até porque envolve prefeitos, governadores, União e sociedade”, comentou Vanhoni. Atualmente a educação conta com aproximadamente R$ 160 bilhões e se o PIB passar dos atuais 5% para 7%, conforme estabelece o PNE, o setor terá mais 2% do PIB agregando à conta mais R$ 60 bilhões.

Presente ao evento, o secretário estadual da Educação e vice-governador do Paraná, Flávio Arns, também acredita que uma das principais discussões para implementação do PNE será a questão dos recursos. “Este é um item essencial. A principal discussão é a repactuação dos financiamentos que hoje está com o governo federal, é ele que deve repensar isto”, disse o secretário. Para ele, a educação tem que ser prioridade absoluta. “E a prioridade tem que estar refletida no orçamento. Só assim conseguiremos atingir os indicadores de qualidade que propusermos nesse plano para os próximos dez anos”, argumentou.

O secretário executivo do Ministério da Educação (MEC), Francisco das Chagas Fernandes, também admitiu que a questão do financiamento irá pautar os próximos debates em torno do PNE. “Há uma necessidade muito grande de se definir de onde virão os recursos para a implementação do PNE. Uma sugestão seria o uso do fundo do pré-sal”, sugeriu. Ele também destacou ser importante discutir as metas. “Elas também precisam ser discutidas. Temos que saber se elas são exequíveis no Brasil”, apontou.

Presentes
O projeto de lei nº 8.035/2010 norteará as ações de educação entre 2011 e 2020. Após aprovação do PNE, os estados e municípios deverão desenvolver, em até um ano, os planos estaduais e municipais para executar as medidas. Atualmente, o projeto tramita em uma Comissão Especial da Câmara Federal, depois segue ao Senado, e deve ser votado até o final deste ano. Participaram do evento o deputado federal Alex Canziani (PTB); a presidente nacional da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleusa Repulho; o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão; o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara; coordenador geral do Fórum Estadual de Educação do Paraná e reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho; presidente estadual da APP/Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho; entre outras representantes de entidades e sindicatos ligados à área.

A seguir as 20 metas do PNE:

Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos.

Meta 2: Criar mecanismos para o acompanhamento individual de cada estudante do ensino fundamental.

Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária.

Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.

Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os 8 anos de idade.

Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica.

Meta 7: Atingir as médias nacionais para o Ideb já previstas no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)

Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.

Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta.

Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.

Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores. 7 estratégias.

Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. 9 estratégias.

Assessoria de Imprensa Alep

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.

Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino.

Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.

Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

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